Uma boa parte das pessoas que apresentam dores crônicas sofrem de dores generalizadas cuja causa não é facilmente localizada. Um estudo recentemente publicado na versão online do periódico Pain buscou identificar através de estudos de ressonância magnética funcional quais alterações cerebrais podem estar relacionadas ao desenvolvimento de dores pelo corpo todo.
No estudo, os pesquisadores compararam o cérebro de pessoas com um diagnóstico específico de dor pélvica crônica, ou seja, uma dor mais localizada, e pessoas com fibromialgia, o diagnóstico mais comumente associado a dores generalizadas.
O estudo utilizou inicialmente dados de 1.079 pacientes, incluindo diversos questionários e um mapa corporal, onde eles deveriam assinalar as regiões do corpo em que sentem dor. Posteriormente, alguns desses participantes tiveram seus cérebros examinados através da ressonância magnética funcional.
Parte dos indivíduos com dor pélvica crônica, além da dor específica na região pélvica, também apresentavam dores generalizadas. Uma descoberta fundamental desta pesquisa foi que este grupo específico de pacientes apresentou um aumento do volume e da conectividade funcional da substância cinzenta envolvendo o córtex sensoriomotor e o córtex insular. O que torna esse fato marcante é que tais alterações foram idênticas às alterações cerebrais apresentadas pelos portadores de fibromialgia, mas muito diferentes do que foi identificado nos exames das pessoas com a dor localizada apenas na região pélvica. Com isso, os pesquisadores puderam apontar que as alterações nos cérebros dos indivíduos com dor pélvica e dores generalizadas associadas foram mais semelhantes aos portadores de fibromialgia do que dos portadores dos indivíduos com a mesma síndrome de dor pélvica sem as dores generalizadas.
Uma conclusão a que os autores chegaram é que o tratamento de pacientes com dores generalizadas deve envolver especificamente as alterações do sistema nervoso central. Na prática, os sujeitos com dor pélvica crônica e dores generalizadas não se beneficiarão do tratamento comumente empregado apenas para a síndrome de dor pélvica.
O estudo faz parte de um projeto chamado Multidisciplinary Approach to the Study of Chronic Pelvic Pain (MAPP), que busca investigar de maneira multidisciplinar diversos aspectos relacionados à dor pélvica crônica.
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