Muitos tipos de dor crônica, como osteoartrite e fibromialgia, tem uma incidência maior nas mulheres do que em homens. Isso já é conhecido há tempos. Igualmente conhecido é o fato de que os opioides costumam ser menos eficazes no sexo feminino. Um artigo científico publicado no Journal of Neuroscience em fevereiro lançar luz sobre este tema a partir do estudo das micróglias.
Micróglias são conhecidas como as células imunes residentes do Sistema Nervoso Central, ou seja, elas têm o papel de inspecionar o cérebro, procurando sinais de infecções ou patógenos. Os pesquisadores do estudo identificaram em mulheres uma ativação maior dessas células na Substância Cinzenta Periaquedutal, região do cérebro relacionada à experiência da dor.
No estudo, os pesquisadores deram uma droga inibidora da micróglia a ratos do sexo feminino e masculino. Com o bloqueio da atividade das micróglias, a resposta dos ratos do sexo feminino à morfina melhorou e se equiparou a dos ratos do sexo masculino. Antes desse bloqueio, as mulheres haviam demonstrado resposta menor ao oipioide.
A conclusão dos autores é que a maior ativação da micróglia em regiões cerebrais envolvidas no processamento da dor pode explicar a razão das diferenças na resposta aos opioides (em alguns casos, mulheres chegam a precisar do dobro da dose do que homens) e também apontam uma contribuição desse fator para as diferenças da incidência de dor crônica em homens e mulheres.
Os resultados podem ter importantes implicações no tratamento da dor, indicando a micróglia como um alvo em potencial para melhorar o efeito de drogas analgésicas, principalmente no tratamento de mulheres com dores crônicas.
Para ler o artigo original, clique aqui: http://www.jneurosci.org/content/early/2017/02/20/JNEUROSCI.2906-16.2017