Uma questão delicada para muitas pessoas com dor crônica é como lidar com as limitações em relação ao ambiente de trabalho. Muitas vezes, falar sobre o assunto pode gerar muitos julgamentos e atitudes preconceituosas de colegas e supervisores. Quem nunca ouviu coisas como: “você não deve estar com tanta dor assim”, ou perguntas como: “mas depois de tanto tempo, você ainda sente dor?” ou o frequente: “isso é coisa de sua cabeça”. Por outro lado, não falar nada pode gerar expectativas irreais, cobranças indevidas e não serem levados em conta alguns direitos que você tem.
A escritora Lana Barhum, em texto para o site Pain News Network, abordou o assunto, trazendo algumas dicas de como agir em relação a este desafio. Nós do Blog Singular escolhemos alguns pontos que se adequam à realidade brasileira e traduzimos para nossos leitores.
1 – A dor crônica pode gerar limitações importantes, mesmo que elas não sejam visíveis. Uma dor intensa pode gerar alterações significativas na maneira como desempenha certas tarefas. Você pode ter dificuldade de ficar sentado, ou de caminhar, por exemplo. O importante aqui é definir o quanto essas limitações atrapalham o seu desempenho no trabalho. Às vezes, é difícil para outras pessoas entenderem uma limitação de alguém que não tenha algum machucado visível. Isso não significa que essas limitações não existam.
2 – Você não é obrigado a dizer que tem dor crônica em uma entrevista de emprego, porém os exames médicos podem ser realizados pelas empresas e talvez a sua condição de saúde seja levada em conta caso haja alguma limitação que atrapalhe a execução do trabalho para o qual você estiver se candidatando.
3 – Não é obrigado falar sobre a dor quando se começa em um novo emprego, mas você tem o direito de conversar sobre possíveis adaptações, caso veja necessidade ao longo do tempo. E nesse caso, o empregador também tem o direito de pedir alguma documentação que ateste as possíveis limitações, como por exemplo a carta de um médico.
4 – Você poderá falar sobre sua condição no momento em que achar necessário. Esta é uma decisão sua e ninguém poderá obrigar você a falar sobre diagnósticos ou tratamentos atuais, a não ser que envolva questões relativas à sua própria segurança nas funções exercidas.
5 – Se você perceber que a dor afeta sua atividade no trabalho, pense sobre como se dá esta interferência. Também procure identificar possíveis soluções para os problemas que você tem enfrentado. Por exemplo, se você tem que sair mais cedo do trabalho para consultas médicas, pense em como você poderia flexibilizar seu horário nesses dias ou quem sabe até fazer um período de home office para poder colocar o trabalho em dia. Talvez acessórios mais ergonômicos para o seu trabalho, como cadeiras, teclado, mouse ou mesas mais apropriadas podem ser sugeridas para evitar crises maiores de dor.
6 – Caso escolha realmente falar sobre sua condição, há o risco de você não ter uma boa resposta dos empregadores. Eles não podem simplesmente demitir alguém por ter dor crônica, mas pode haver retaliação, como mudar seus horários, ou até adiar uma promoção.
7 – A parte boa disso é que bons empregadores querem manter bons empregados. Caso você tenha uma boa relação com seus empregadores e eles percebam a sua contribuição valiosa, será mais fácil de eles fazerem adaptações para que você possa trabalhar de maneira mais adaptada, sem gerar mais dor. Bons empregadores sabem que os melhores trabalhos acontecem em ambientes confortáveis e adequados a todos.
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