Procurei o Dr. Fabrício em decorrência de um pós operatório frustrado. Cheguei a primeira consulta totalmente fatigada, abaixo do meu peso, muita olheira por noites mal dormidas e com uma grande expectativa quanto a solução para o alívio das dores dos meus pés.
" meu corpo não é meu corpo,
É ilusão de outro ser.
Sabe a arte de esconder-me
E é de tal modo sagaz
Que a mim de mim ele oculta.
Meu corpo, não meu agente,
Meu envelope selado,
Meu revólver de assustar,
Tornou-se meu carcereiro,
Me sabe mais que me sei.”
Drummond
Algo simples como tomar um banho para mim tinha se tornado uma tortura devido aos choques e a super sensibilidade que passei a ter após o procedimento cirúrgico. Atividades da minha vida diária como ir ao supermercado, passear no shopping, cozinhar, esportes, trabalhar, viajar, viraram um martírio. Eu comentava com as pessoas que a sensação que eu tinha era de ter sido atropelada por uma Scania, pois a dor dos pés era uma constante e à medida que o dia ia passando, toda parte posterior do meu corpo era uma fornalha de dor.
A primeira consulta foi impactante, pois sai de lá com mais um diagnóstico: fibromialgia. Lembro-me do Dr. Fabricio explicando o quadro e eu com minha mente longe pensando que eu teria mais e mais perdas, tudo o que eu deixaria de fazer com minha família e amigos. Comecei a chorar igual uma criança e lembro-me da frase que deixei escapar: tenho vergonha de estar assim, nesse estado aos 45 anos de idade.
Como foi difícil comprar a primeira caixa de remédio! Como foi difícil retornar com exames e iniciar o tratamento! E como foi difícil passar pela avaliação psicológica! Mas a negação aos poucos foi dando lugar a aceitação. Percebi que estar e não ser uma doente naquele momento da minha vida era uma opção, pois o tempo e a dedicação ao tratamento iriam me resgatar. E foi exatamente isso o que acabou acontecendo, me abri ao tratamento e consequentemente à vida.
Optei por ter um corpo e uma mente mais presente em tudo que eu faço. Hoje aos 47 anos me sinto leve, feliz e realizada. Fiz mudanças na minha agenda visando meu bem estar e qualidade de vida. Continuo assídua com a acupuntura, psicoterapia, atividade física (ioga) e quando necessário a fisioterapia. Nesses dois anos de equipe Singular, fiz muitas descobertas sendo a mais importante delas a conquista desse equilibrio e acolhimento que preciso me proporcionar. Sim, precisamos nomear e acolher as nossas emoções e sentimentos também. O corpo nos fala através de símbolos e a dor pode ser um deles!
Para aqueles que estão começando um tratamento de dor crônica ou até mesmo pensando em desistir, a minha dica é: confie, abra-se, acolha-se e persevere. A melhora chega para todos nós no nosso momento certo. O importante é termos compaixão consigo mesmo e abertura para que o processo de descobertas siga o seu curso.
Agradeço os momentos de dores que passei, as descobertas internas que venho realizando, a minha família pelo apoio e paciência e a toda equipe de profissionais da Singular!
Com gratidão a todos vocês!
Gláucia Soboll