dor nas costasDepressão, ansiedade, stress, distúrbios de sono e até sintomas psicóticos: todas essas condições são mais presentes em pessoas com dor nas costas do que na população em geral. Essa é a conclusão de um estudo inglês que abordou mais de 190 mil pessoas em 43 países em desenvolvimento. O estudo acaba de ser publicado na edição de novembro/dezembro do periódico General Hospital Psychiatry.

Os pesquisadores coletaram dados no World Health Survey entre os anos de 2002 a 2004. A pesquisa encontrou uma prevalência de 35,1% de dor nas costas em geral e 6,9% de dor crônica nas costas, entre os países analisados. Dentre as condições psicológicas analisadas, a depressão foi a que apresentou a relação mais forte: pessoas com dor nas costas têm cerca de três vezes mais chance de ter depressão.

O estudo não afirmou se a depressão é causada pela dor nas costas ou vice-versa. Tal questão muitas vezes acaba gerando uma discussão do tipo “primeiro veio o ovo ou a galinha?”. Vários outros estudos anteriores apontam uma relação bidirecional entre dor nas costas e depressão. Isso significa que pessoas com dor nas costas têm uma chance maior de desenvolver depressão e, por sua vez, pessoas com depressão têm maior chance de desenvolver uma condição de dor nas costas.

Em relação à ansiedade, a chance de associação entre os dois é cerca de duas vezes maior. Para ser mais preciso, o estudo chegou à conclusão de que a chance é 2,45 vezes maior. Os autores explicaram que esta associação se deve aos sentimentos de ansiedade que decorrem de conviver com dor e também a mecanismos neurofisiológicos compartilhados entre as duas condições. Distúrbios de sono também apresentaram uma associação de cerca de 2 vezes (2,38). Já quanto aos sintomas psicóticos, o estudo apontou uma chance 2 vezes maior de estarem associados com dor nas costas. Stress teve uma associação menor no estudo (1,15), apesar de também ser considerada uma associação significante.

Os autores afirmaram que este estudo é importante para chamar a atenção dos clínicos que atendem pessoas com dor nas costas, pois há uma grande chance de estes pacientes apresentarem aspectos psicossociais importantes, como depressão, ansiedade, distúrbios de sono, stress e sintomas psicóticos. Abordar tais aspectos pode aumentar consideravelmente a efetividade do tratamento.

O Brasil foi um dos países que fez parte do estudo. Outros grandes países incluídos foram China, Africa do Sul, Índia e Rússia. Além destes, países menores como Nepal, República Dominicana, Zâmbia e Croácia também foram incluídos na análise.

Para ter acesso ao artigo original, em inglês, clique aqui (http://www.ghpjournal.com/article/S0163-8343(16)30220-1/abstract)