Na semana passada, falamos sobre uma pesquisa que identificou propriedades analgésicas no toque humano . Hoje falaremos sobre uma condição em que ocorre justamente o contrário. Em alguns casos de dor, um simples toque pode gerar uma intensa dor.
Esse fenômeno é chamado de alodinia. A palavra vem da junção de duas palavras gregas, allo (outro) e odyne (dor). Assim, alodinia se refere à uma alteração na forma com que sentimos dor. A partir dessa alteração, um estímulo que não seria doloroso passa a causar dor. Em alguns casos, passar levemente uma pena na pele pode gerar um grande desconforto.
A alodinia pode ter um efeito dramático na vida das pessoas. Como tudo pode gerar dor, a pessoa acaba evitando qualquer contato na área dolorosa. Em alguns casos, chega até a não querer mais sair de casa, para evitar qualquer risco de contato com a área mais senvível.
Uma condição de dor em que é muito comum a presença de alodinia é a síndrome de dor complexa regional, que envolve uma dor bastante debilitante, geralmente em uma das extremidades, como braço, perna, mão ou pé. Outras condições em que este tipo de sensibilidade ocorre com frequência são fibromialgia, enxaqueca, cicatrizes cirúrgicas ou queimaduras na pele pela radiação ultravioleta. Todas essas condições envolvem de alguma forma a sensibilização central, que foi descrita em outro post do nosso blog. Resumidamente, a sensibilização central amplifica os estímulos de dor que sobem da medula até o cérebro, onde são processados.
A boa notícia é que a alodinia pode ser tratada a partir de alguns recursos. Existem medicamentos, como os antidepressivos e anticonvulsivantes, que atuam no Sistema Nervoso Central, tornando-o menos sensível. Outro recurso muito importante nesse sentido é o bloqueio simpático, que promove uma grande mudança na sensibilidade do organismo.
Além disso, a fisioterapia utiliza diversas técnicas, tanto periféricas quanto centrais, para promover uma dessensibilização gradualmente. A Terapia Cognitivo Comportamental também utiliza recursos como Relaxamento Progressivo, Mindfulness e Biofeedback que ensinam a pessoa a ficar menos sensível aos estímulos e a responder de modo mais efetivo à dor e ao estresse, gerando uma resposta fisiológica menos acentuada.
Para identificar os recursos que mais podem te ajudar na dessensibilização, procure a ajuda de um profissional de saúde especializado no tratamento da dor.
Uma importante fonte para esta matéria foi o post publicado no site da revista Pain Pathways. Para ler a matéria em inglês, clique aqui