Para dores de difícil tratamento, um dos recursos que mais têm evoluído é a estimulação medular. Trata-se da aplicação de microcorrentes de eletricidade à medula, que produzem uma sensação de formigamento na região dolorida. Esta sensação modula a maneira como a dor é percebida no cérebro.
Podemos comparar o mecanismo de ação da neuromodulação com o ato de esfregar o cotovelo logo após batê-lo. O estímulo promovido pelo ato de esfregar compete com a sensação de dor, diminuindo-a. O mesmo acontece com o estímulo gerado na neuroestimulação. O formigamento produzido compete com a sensação dolorosa.
A estimulação medular acontece a partir de um gerador de pulso programável, ou seja, uma bateria que gera padrões de estimulação individuais e particulares para cada paciente. O gerador é conectado sob a pele a eletrodos, que são posicionados na medula do paciente. Há 8 contatos diferentes em cada eletrodo. Cada um deles pode ser positivo, negativo, ou estar desligado. Com isso, há milhares de combinações possíveis para o padrão de estimulação.
Todo esse mecanismo é realizado sem haver nenhum ruído e aparece apenas como uma pequena protuberância sob a pele do paciente, ou seja, não é perceptível através das roupas.
Uma vantagem desta técnica é que ela dá controle ao paciente. A pessoa fica com um controle remoto, através do qual pode ligar ou desligar, mudar a programação e controlar a estimulação.
As principais indicações são pacientes com síndrome pós laminectomia, síndrome de dor complexa regional, dor do membro fantasma e dores neuropáticas, entre outras. Todas essas indicações são realizadas quando se identifica que os recursos convencionais não estão trazendo alívio.
É importante alertar que este não é um recurso para todo mundo que sente dor, pois envolve implantar um dispositivo no corpo da pessoa. Por isso, antes de qualquer coisa, é necessária uma avaliação médica detalhada do paciente, levando-se em conta diversas condições que podem limitar a efetividade do tratamento.
Antes do implante permanente, o paciente recebe um “trial”, no qual um gerador temporário de pulso é conectado externamente no corpo a um cabo que se liga à ponta do eletrodo que está dentro do corpo. Durante o período de trial, pede-se que o paciente acompanhe se o estímulo alivia a dor e que efeito este alívio traz nas atividades diárias. A partir daí, paciente e médico podem decidir juntos se será benéfico ter esses dispositivos implantados permanentemente.
Em janeiro de 2017 foi apresentado um estudo que identificou que o uso do estimulador medular pode reduzir significamente o consumo de opioides, devido ao alívio proporcionado. Para ler mais sobre a pesquisa, clique aqui