A Injeção peridural - ou epidural - ficou conhecida mundialmente pelo seu uso nos partos, com o objetivo de diminuir as dores das parturientes. Porém, esta não é a única forma de usar este recurso. O Bloqueio Peridural é atualmente um dos procedimentos mais utilizados no mundo para o controle da dor. Desde 1953, quando Lievre administrou pela primeira vez esteroides na via peridural para alívio da dor ciática, o procedimento tem se mostrado um recurso muito eficaz, com poucos efeitos colaterais e relativo baixo custo, o que contribuiu para sua popularização. Alguns estudos calculam que cerca de 1 milhão de bloqueios peridurais são realizados anualmente.
O bloqueio peridural é realizado por médicos especialistas em dor através da injeção de anestésico local e uma medicação anti-inflamatória no espaço peridural, que se localiza entre as paredes do canal vertebral e a dura máter (membrana que envolve a medula). Veja na imagem abaixo onde fica o espaço peridural:
Há uma grande diversidade nos tipos de injeções peridurais: a usada no parto, por exemplo, é muito diferente da usada para aliviar a dor lombar. A principal indicação para o Bloqueio Peridural é a dor radicular, provocada por hérnia de disco, porém há várias outras indicações para o procedimento, como a síndrome pós-laminectomia e a estenose de canal lombar. As injeções peridurais podem atuar em qualquer nível da coluna cervical – para cada região, a técnica será diferente.
O principal elemento para os Bloqueios Epidurais é injetar o medicamento o mais próximo possível da área que está lesionada ou inflamada. Quando há um nervo comprimido devido a uma herniação discal ou um crescimento do osso, afetando o canal central da medula, a técnica utilizada é chamada de bloqueio epidural interlaminar.
Se o problema está localizado mais lateralmente, na abertura pela qual o nervo sai da medula – chamado de forame – o procedimento mais utilizado é o bloqueio transforaminal. Em outra técnica, muito utilizada na dor lombar a agulha é posicionada logo acima do cóccix. Esta é chamada de bloqueio epidural caudal.
Para a maioria das técnicas, o médico injeta contraste antes do esteroide, para se certificar de que a agulha está na posição correta e a medicação se espalhará corretamente. O procedimento é guiado por imagens radiológicas – assim o médico intervencionista em dor pode ter uma visão mais clara da área e documentar precisamente o local em que a agulha ficou posicionada. Alguns pacientes ficam preocupados com o fato do procedimento usar contraste, porém o contraste utilizado nestes casos tem uma baixa concentração, o que acarreta um risco muito baixo para qualquer reação alérgica.
O Bloqueio Peridural pode ser realizado ambulatorialmente, não havendo necessidade de uma internação. O paciente pode ir para casa algumas horas depois de realizado o procedimento. Nos primeiros dias após o Bloqueio, recomenda-se repouso, mas aos poucos a pessoa pode ir retomando suas atividades diárias.
Em um curto prazo, a ação da anestesia e do corticosteroide geram um considerável alívio da dor. Apesar deste alívio, deve-se continuar utilizando as medicações conforme foram prescritas pelo médico.
Além desse efeito mais imediato, o anti-inflamatório no espaço peridural pode gerar um efeito mais prolongado, a médio prazo. Por si só, o Bloqueio não possui um efeito a longo prazo, porém com o alívio dos sintomas dolorosos, o paciente pode se beneficiar mais do tratamento multidisciplinar. Os melhores resultados são alcançados a partir de um trabalho de reabilitação, voltado para melhorar a flexibilidade, fortalecer a musculatura e restaurar a função da coluna.
Veja neste vídeo em inglês uma animação em 3D sobre como o procedimento é realizado: https://www.youtube.com/watch?v=kKm3e6T7uTw
Fontes:
• Pain Wise: a patient's guide to pain management. David Kloth, Andrea Trescto & Francis Riegler. Editora Hatherleigh
• http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942011000500004&script=sci_arttext
• http://www.ashfordstpeters.nhs.uk/attachments/159_Lumbar%20and%20Caudal%20Epidural%20Injection.pdf