Muito se fala sobre o poder da mente, mas será que os pensamentos podem influenciar a maneira como sentimos e percebemos a dor? Hoje, damos continuidade aos resumos de artigos publicados na revista Science, edição especial sobre dor. O artigo que trazemos hoje fala sobre como a ciência tem estudado a influência dos pensamentos sobre a percepção de dor. A autora é Katja Wiech, da Universidade de Oxford (Inglaterra).
O artigo começa com diversos exemplos da influência dos pensamentos sobre a dor. Por exemplo, são citados os estudos com placebo, em que pessoas com dor lancinante chegam a relatar um alívio total após tomar uma pílula contendo apenas açúcar que lhes havia sido apresentada como um poderoso analgésico.
Outro exemplo interessante é o estudo em que pessoas na cadeira do dentista, ao assistir um filme cativante, relataram surpreendentemente uma dor pequena. De alguma forma ao direcionar a atenção para o filme, os participantes conseguiram suportar tranquilamente o momento tão temido do tratamento dentário
A autora ainda aponta que estudos de imagem cerebral evidenciam desde os anos 80 a influência dos fatores cognitivos no processamento e na percepção de dor. Apesar dos evidentes avanços, ainda há muitos aspectos a serem esclarecidos nesta relação. A autora acredita que novas descobertas neste sentido podem abrir novas perspectivas para a prevenção e o tratamento da dor.
No texto abaixo, traduzimos integralmente o resumo do artigo.
“Descontruindo a sensação de dor: a influência de processos cognitivos na percepção de dor”
Katja Wiech, Universidade de Oxford (Inglaterra).
RESUMO
Fenômenos como a analgesia através de placebo ou alívio da dor pela distração salientam a poderosa influência que processos cognitivos e mecanismos de aprendizado têm sobre a forma como percebemos a dor. Apesar de modelos contemporâneos de dor reconhecerem que a dor não é uma simples leitura de input nociceptivo, os processos neuronais subjacentes à modulação cognitiva ainda não são totalmente compreendidos. Conceitos modernos de percepção – que incluem modelos computacionais para quantificar a influência de processos cognitivos – sugerem que a percepção é determinada criticamente pelas expectativas e sua modificação através do aprendizado. Pesquisas sobre dor apenas começaram a adotar esta visão. Insights nesses processos prometem abrir novas avenidas para a prevenção e tratamento de dor ao levar em conta o poder da mente.
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